Saia de saia por São Paulo para você ver...

Outro dia resolvi testar uma antiga teoria minha, da época em que pegava o metrô todo dia para ir à faculdade. A premissa: o homem paulistano não está acostumado a ver mulher de saia andando pela cidade. E quer saber? Nós mesmas estranhamos ao ver a outra circulando assim.

Quer saber se minha idéia tem fundamento? Então experimente fazer como eu. Semana passada coloquei uma saia de cintura alta preta (com bolinhas brancas, estilo sessentinha) e sai para tomar um café com uma amiga. Coloquei meia-calça preta também porque sou meio "friorenta". Pois bem: a saia não passou despercebida. E friso bem - foi a saia e não a pessoa que a vestia. Até as meninas que passavam por mim, com suas indefectíveis calças jeans + plataformas estilo bota de astronauta, me olharam como se eu é que fosse o ET. Experimente ir num lugar no qual está acostumada a aparecer de calça e vista uma sainha só pra variar... estará comprovada minha teoria biruta.

Veja bem, não estou nem falando de saia curta, minha gente. Não é mini-saia estilo "cachorra" do funk (ergh!). Digo saia, vestido, qualquer coisa que mostre suas pernocas do joelho para baixo. Acho que por conta da correria dessa cidade hostil nós mulheres nos desacostumamos a usar peças que são exclusivamente femininas. Um vestidinho bem cortado ou uma saia rodada deixam o corpo mais bonito, delineado. Mas daí, vai pegar ônibus com ele vai? Vai descer a escadaria do metrô de saia pra ver se não tem engraçadinho torcendo pra bater um vento e te deixar numa situação parecida com a de Marilyn Monroe em "O Pecado Mora ao Lado"?

No sentido de nos protegermos de atitudes desrespeitosas e também de sermos mais práticas - afinal saia exige sapato em dia, pernas lisinhas, tudo em cima - acabamos abandonando nossa amiga saia lá no fundo do armário. No verão ela até tem mais chances, já que contra o calor valem todas as armas. Mas mesmo assim, paulistanas, reparem, somos quase soldadinhas caminhando por essa megalópole cinza e masculina.

Diante disso, ter um surto de glamour e dar uma de Sarah Jessica Parker em "Sex and the City" por São Paulo é quase impossível, voce não acha?

Vegetarianismo, animais na ciência e pessoas idiotas

Putaqueopariu. Tooooda veeeeez que eu veeeeeejo algum debaaate sobre um dos dois assuntos acima eu fico nervosa.

Estava, eu, na sala vendo uma televisãozinha - coisa que eu ultimamente não tenho feito. Sapeando os canais, parei na MTV. Estava começando o MTV Debate. Repeti baixinho "não é sobre animais, não é sobre animais...". Era. O tema: é necessário usar animais em pesquisas científicas? Na banca "do bem", Sérgio Greif - um biólogo que já entrevistei -, uma vegana e um advogado dos direitos animais. Na banca do mal, cientistas, é claro.

O povo do bem deu uma lavaaaaada no povo do mal. A vegana perguntava insistentemente " pq a ciência não caminha ao lado da ética?" e nenhum deles respondeu. Nós somos a favor de alternativas à utilização de animais, e não da extinção da ciência. Se ela é tão boa a ponto de descobrir a cura de doenças - e de fato é -, pq não pesquisa outros meios de realizar testes. É cômodo sacar um rato, um chimpanzé ou um beagle, injetar uma substância e esperar pra ver. Se é culturalmente aceito pela maior parte das pessoas, pq mudar e poupar a vida de seres que sequer tem direitos - na opinião deles, é claro.

"Mas, mas, mas... E a alface? Cooooooomo você tem coragem de comer a pobre da alface?". Caraaaaaleo. Quer irritar um vegetariano, tire um barato da cara dele e faça essa pergunta. Até os cientistas do programa foram por esse caminho. Meu Deus, cadê a argumentação?

O Lobão, que era um cara que eu achava bacana, encerrou o programa com a seguinte frase: "antes ele do que eu". É por essas e outras que os seres humanos serão sempre cruéis e penderão para o lado mais fácil. Afinal, pra que ir atrás de alternativas aos animais se usá-los funciona tão bem [nem sempre].

A Gigi morreu...

7 meses atrás...

Estava saindo da editora quando avistei aquele monte de pêlos tigrada. Na hora, como sempre, sai correndo na direção dela e a acariciei. Saquei o telefone da bolsa e liguei para a minha mãe, que depois de muita chantagem emocional, autorizou o sequestro.

A levei no veterinário e minha suspeita foi comprovada: daqui a algumas semanas, Kisha se multiplicaria - lembram do episódio "o aborto"?

Nasceram cinco minigatos: o Bruno, a Floquinho, a Lila, o Téo e a Bruna. Eu até ajudei no parto! Começaria, ali, a busca por novos pais para esses bebês.

Logo que o Téo desmamou, foi para a casa do seu João. Convenci a Van, minha estagiária, a ficar com outra. Sobravam 3.

Num domingo, a Van veio com sua família toda ver os gatinhos. Foi bonito de ver todo mundo sentado no chão, com mil gatos para cima e para baixo... A princípio só levariam a Bruna, mas se apaixonaram pelos pêlos negros e macios da Lila.

Num dia, praticamente de sopetão, arrumei um lar para a Floquinho. A moça pegou o meu telefone numa loja de animais perto de casa e queria presentear o filho com um gatinho. Fiquei receosa, mas depois de mil recomendações, cedi. Na verdade eles queriam levar o Bruno, mas eu já estava apaixonada...

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- Cris, a Gigi [novo nome dado à Lila] sumiu... - disse a Van, preocupada, na segunda-feira passada.
- Como assim, Van?
- Ela nunca tinha saído de casa, mas desde ontem não a vimos mais.
...
- Van, e a Gigi? - perguntei na quarta, quinta e sexta-feira.

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Ontem, eu a Van imprimimos cartazes de "procura-se". Dispensei a funcionária exemplar mais cedo e recomendei que ela aproveitasse o restinho do dia para colá-los. E assim ela fez...
Hoje, umas 19h, recebi um SMS. Era uma mensagem dizendo que a Van havia me ligado no meio da tarde. Redisquei...

- Van, me conta uma coisa boa... - disse.
- Não tenho, Cris, a Gigi morreu.
Silêncio
- Mas como? - perguntei.
- Depois que eu colei os cartazes, o guarda da rua veio me procurar. Disse que viu a Gigi voltando da rua de trás, meio cambaleante. Não deu tempo dela chegar em casa... morreu envenenada. Ele a enterrou...

Óbvio que eu já estava chorando. Estou apática até agora. Como aquela gatinha que eu vi nascer pode estar morta?

Eu me culpo por isso... Queria que todos os animais que eu já salvei da rua estivessem comigo. Sinto-me impotente por não poder fazer nada. É por essas e outras que não deixo meus gatos colocarem o fucinho, sequer, na rua. Espero, do fundo do meu coração, que os pais da Van arrumem uma forma de "telar" a casa para que seus outros gatinhos não saiam mais. É muito sofrimento saber que um bichinho morreu assim, assassinado. Se eu pego quem fez isso, não respondo por meus atos...

Finalizo este post triste com uma homenagem à Gigi, que agora descansa no céu dos gatos. Van, força pra você- e não deixa, pelo amor do Deus dos felinos, a Manu sair de casa...

Quando elogiar demais cansa

Existe um tipo de rapaz que merece atenção especial das senhoritinhas solteiras: o tipo "babão". Elogio toda mulher quer ouvir, mas se em apenas uma hora ele já disse que seu cabelo é cheiroso, seu olhar é inesquecível, você é maravilhosa e tudo que fala causa aquela gargalhada em alto e bom som pode ser que esteja frente a frente com um típico elogiador compulsivo.

Hoje mesmo estava jantando com minha prima quando ela me contou sua última experiência em um date, que foi, justamente, com um "babão". Ela saiu com o fofo para jantar e durante essa experiência transcendental descobriu coisas sobre ela que nem imaginava. Ou melhor: descobriu que Angelina Jolie perto dela é fichinha, se comparada com esse fulgor e perfeição de pessoa descrito pelo rapaz. Conclusão: em menos de meia hora ele tinha conseguido "enjoar" a pobre moça com um papo mais açucarado que bombom licoroso (irgh!).

Como a conversa toda não colou e o rapaz viu que tinha gasto seu latim à toa, passou para a parte 2 do encontro: o "por favor" fica comigo. Porque, claro, depois de tanto elogio suspeito ele não teve pudores em finalizar o encontro com um pedido desses. Afinal, ao sair com uma pessoa tão legal, bacana, esperta, bonita, inteligente, simpática, engraçada, gostosa, cheirosa....

Minha prima é, sim, tudo isso e muito mais. O rapazito não mentiu, apenas exagerou. É quase como pedir alguém em casamento depois de falar "bom dia". (mas não estou aqui para falar contra as pessoas que se casam após um bom dia. Isso é lindo, casem mesmo, fiquem juntos, procriem, paz e amor!).

Agora rapazes, nunca, mas NUNCA peça, suplique ou implore para ficar com alguém. É constrangedor para a outra parte e você corre o grande risco de ouvir uma resposta atravessada. Minha prima ainda foi fina com o moço e não mandou ele passear na floresta. No meu caso, teria dito que tem três coisas que me comovem: filmes da Meg Ryan, animais abandonados e rapazes que pedem beijo. Já escolhi a minha ação como boa samaritana - pego minha carteirinha para ajudar os cães sem lar na semana que vem! Essa, eu passo.

Um pouco de poesia... e atualizações

Sumi. Sim. Desapareci das ondas internéticas por mais de uma semana porque.................... estou de FÉRIAS! EBAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! Imagine uma pessoa gritando bem alto de alegria: sou eu, megafeliz com o fato de que terei tempo para ver em qual estrada minha vida está andando, se quero mudar, para onde vou e quem sou eu, agora, depois de tanta coisa que vem acontecendo na minha vida.

Por isso dei um tempo na net, no telefone, no mundo. Fiquei quietinha para entender os pensamentos e os acontecimentos. Achei que iria sentir falta, mas não senti. Sinal de que tudo estava meio saturado em torno de mim. Ainda estou caminhando e espero estar zerada com as minhas questões e bem forte para voltar à rotina. Mas por enquanto... quero só sombra e água fresca. Como boa nerds que sou, fui na biblioteca da pós-graduação e peguei logo cinco livros sobre cinema e Marilyn Monroe. Vou hoje assistir ao novo filme do Batman numa sessão bem no meio da tarde... de manhã, já dei uma caminhada bem gostosa (mesmo com o tempo seco, sequinho), e mais tarde quero ler, deitada nos braços do meu namorado. Sim, minha gente, porque é esse tipo de coisa que faz a vida valer a pena.

Sei que é difícil parar o mundo pra pensar no que queremos, o que a vida está nos trazendo, por onde estamos caminhando. É muito complicado fazer isso em meio a rotina, os horários, o trânsito, os compromissos, o trabalho que suga a nossa energia, as relações degastadas com as pessoas... enfim. Mas é necessário, é preciso. Saber quem realmente somos dá trabalho e não é algo que acontece do dia para a noite. Você tem que enfrentar seus medos e seus sonhos.

Para terminar esse post um tico confuso de maneira poética, coloco aqui um texto que minha amiga Claudia (muito querida e batalhadora) me mandou. Aproveito e pergunto: o que você quer guardar e o do que você quer se livrar?

Guardar
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela. Por isso, melhor se guarda o vôo de um pássaro Do que de um pássaro sem vôos. Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: Para guardá-lo...
Antonio Cícero

Cara Síndrome do Pânico

Há semanas estou ensaiando o post que deveria ter saído logo após esse. Não tive vontade de falar novamente sobre isso. Sim, é uma coisa que me incomoda muito. Queria ver, também, se alguém se identificaria com o post – eu tinha certeza que sim.

A Ju Santos tem medo de passar sobre pontes; a Isolda cancela compromissos e sobe, se precisar, 15 andares de escada só pra fugir do elevador; a Luana se mantém sempre ocupada por temer seus próprios pensamentos; a Patrícia sente exatamente a mesma coisa que eu...

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10 horas de uma noite qualquer, há cerca de um ano atrás

“É tarde. Estou cansada. Saio da minha mesa já sonolenta, com a certeza de que eu fiquei mais do que deveria no trabalho.

Caminho sozinha, no frio, pelo estacionamento. Meu carro está todo embaçado. Uma breve chuva o deixou assim. Entro, abro os vidros, ligo o desembaçador e rumo para a Marginal. Não enxergo quase nada, os vidros estão acinzentados e isso me causa um certo desconforto.

Ponte, viro à direita: Marginal. O sono parece crescer. Os vidros ainda não estão cristalinos.

Pista expressa. Sempre vou à direita no limite da velocidade. Hoje não. Uma angústia me toma. Sensação de estar sonhando. Meu cérebro pressiona meu crânio e meus ouvidos. Minha garganta trava, falta ar. Suspiro uma, duas, três vezes. Pego o meu celular e ligo para o meu namorado. Ele manda eu ir para a local, parar num posto de gasolina qualquer e esperar que ele chegue. Obedeço, mas não paro. Se eu estacionar o carro agora, não saio mais daqui. Peço para ele ficar na linha enquanto dirijo e tento manter a sanidade. Respiro fundo. Será que estou ficando louca?

Assim, a 20km por hora e no celular, vou para casa. Sinto muito medo. Medo de perder completamente o controle. Vou gelada.

Já perto de casa, desligo o celular. Tudo piora agora que estou sozinha, mesmo que esse alguém esteja presente só em voz.

Chego e deito no sofá. Só agora me sinto bem e segura. Não ligo a TV e fico pensando, catatônica, no que acabara de acontecer comigo. Eu sei o que aconteceu.”

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Depois disso, desci a ladeira. Fiquei mais de um mês sem dirigir e comecei a me apavorar até de ficar sozinha na minha mesa, no trabalho. Todas as janelas me davam medo. Cerca de uns 15 dias depois do episódio do carro, procurei um psiquiatra. Fui na emergência mesmo. O segundo medicamento receitado pela médica simpática me fez muito bem.

Em um mês eu era outra pessoa. Tinha um pouco de receio de dirigir, mas estava tão feliz... Devo ter ficado uns 8 meses - sem brincadeira - sem chorar. Todos disseram que eu estava mais tranquila e parei de brigar com a minha mãe nos sábados de manhã. O único medo que persistiu foi o de altura. Engraçado.

Tomo paroxetina há um ano. Tento parar há 2 meses. Minha vida não é mais cor-de-rosa. Sinto um pouco de medo de dirigir a noite e pavor de pegar a pista expressa da Marginal. Todas as vezes que tento, pareço estar entrando num filme de terror. Sim, eu sei que isso é totalmente psicológico, mas afeta o fisiológico. Enfrentar uma situação de estresse faz com que seu corpo libere uma carga de adrenalina. No caso da Síndrome do Pânico, essa adrenalina é "disparada" sem mais nem menos e você passa a ter medo do que estava fazendo - no meu caso, dirigindo na Marginal.

Não sou mais a pessoa mais feliz do mundo. Voltei a ser brava e estressada. O pior, ansiosa. Estou na fase de tomar meio comprimido a cada 3 ou 4 dias, como muleta mesmo. Se sinto uma pressãozinha na cabeça, uma tontura ou medo de perder o controle, comprimido pro bucho.

Espero, com este post, estar ajudando a mim mesma e a mais pessoas que passam por isso. Segundo Julio Peres, psicólogo que entrevistei, falar dos seus traumas faz com que eles sejam superados.

Foto: http://entresonhos.blogspot.com/

Simplesmente acorde!

Existem maneiras e maneiras de ser acordada pelo telefone num domingo. Uma delas é acordar ao som delicioso da voz do seu amorzinho; outra é esta, abaixo, vivida por nosso querido amigo que trabalhou de casa no finde:

10 horas da madrugada de domingo

TRIM, TRIM, TRIM

- Alow – disse Danilo, com aquela voz-sonâmbula de quem acabou de ser acordado.

- É a Fulana de Tal. Te acordei? - disse a pessoa do outro lado da linha.

- Ahãn– pq gente que acordou agora não fala, resmunga.

- Pois bem. Liguei agora pois acho que 10 horas já é um horário razoável para se estar acordado num domingo...

Ok! Ok, ok, ok. A gente trabalha de fim de semana, faz plantão na boa. Mas ouvir isso logo cedo de uma pessoa que acha que é seu chefe, ninguém merece...

Novo layout

Estava moscando domingo de tarde em casa. Resolvi, então, dar uma repaginada no visual do blog. Será que as outras esforçadas vão gostar?

Estou de volta pro meu aconchego

Não, não fui abduzida por extraterrestres. Não, também não morri e essa mensagem não é psicografada. Ops, também não, não tive um ataque súbito de amnésia e esqueci quem sou, onde estou ou para onde vou (embora quase tenha esquecido login e senha para acessar esse humilde bloguinho... hehe).

Continuo sendo a Gra, pobre mas esforçada (e cada vez mais, a mercê de uns e outros....). Tenho tanta coisa para falar. Boas, nem tão boas, complexas, nem tão complexas....

Mas o mais legal é que volto para meu aconchego, parafraseando Elba Ramalho, em um momento complicado da vida: fui abandona. Sim, largada às traças, ao deus dará. E sabe por quem? Pela minha psicóloga. Sinto que nem uma profissional aguentou meus momentos de loucura. Vou contar para vocÊs

Um lindo sábado de sol, pego o possante em direção à terapia. Trânsito bom na Paulista, mais tranqüilo ainda na Vila Mariana. Lugar fácil para estacionar. Tudo muito estranho. Mas ainda acredito em bons dias de sorte. Ledo engano. Entro na terapia

- Bom dia, Graziela!

- Bom dia!

Momento de se sentar. A cadeira não é lá tão confortável assim, mas já estou acostumada. Passarinhos piam lá fora. Penso: “realmente o dia vai ser bom”. Quero começar a falar, mas ela é mais rápida.

- Então, Graziela. Está complicado manter o consultório aqui em São Paulo só de sexta e sábado e ficar no interior durante a semana (ela se mudou para trabalhar fora). Vou ter que fechar...

Depois disso, não escutei mais nada. Só pensava: e agora? E agora, quem poderá me defender? Como não sentar nessa cadeira tão legal (não era ruim até minutos atrás???), olhar para minha querida amiga (ué, mudamos a relação??) e falar de tudo. Chorar, sorrir... Um aperto, daqueles que eu tinha a cada ano quando mudava de sala na escola, foi dando no peito. Mas não, eu era forte e não iria chorar por causa disso, né? Imagina.... Quando ela tentou voltar ao objetivo da sessão – falar de mim -, meu olho foi se enchendo de lágrima e ...

- Graziela, você quer chorar?

Buáááááááááááááááá.

- É que eu me apego demais nas pessoas, sabe?

Sabe? Não, acho que nem ela nem eu sabíamos disso. Não queria mais falar de nada durante toda a sessão, só ficava pensando que não teria mais sessão, então para que falar? Fui embora triste, arrasada, dispersa... Acreditam? Agora a nova missão é arranjar uma nova. Acho que sem psicológa, depois de eu ter chorado porque minha sessão acabaria, não dá pra ficar, né?

Momento reflexão

Existem momentos em nossas vidas em que parece que tudo vai mal. Falta dinheiro, felicidade, amor, fé... Espere. Supere. Aguarde o tempo que for preciso. Tudo tem o momento certa pra acontecer. E na hora que uma coisa boa acontecer, todo o resto se acerta, como um dominó do bem.

Eu tenho um sonho. Entrei hoje numa banheira de água fria e por lá ficarei por tempo determinado: 6 meses. Espero aguentar a temperatura.

Ah, vizinhos...

Não, ninguém é obrigado a conviver com os vizinhos – nem aqueles colados à sua parede, de casa geminada, sabe? Dou bom dia, boa tarde, boa noite, mas nunca fui aquela pessoa espontânea, que faz amizade com todo mundo. Sou na minha. Já minha mãe, dá beijo até em porteiro. Tanto que no prédio em que morávamos, ele era a fim dela (sim, pode rir).

Num outro apartamento, tínhamos uma vizinha solteira - mas não solitária. Vira e mexe, mamis se queixava de não conseguir dormir direito devidos aos gritos e sussurros vindo do apartamento ao lado – graças à parede praticamente de gesso que separava seu quarto do dela. Isso quando a cama não batia na parede e era aquele estardalhaço...

Quando morava num condomínio de casas era uma “maravilha”. Acordava, abria a janela e dava bom dia a (o) vizinha (o) da frente. Só que lá a coisa era meio feia: o marido da moça bebia, o filho solteiro tinha 457 filhos espalhados pelo mundo e a filha era meio barraqueira. Um dia, em meio a uma briga homérica, a velhinha, mãe do marido, começou a gritar: “Fulana [minha mãe], vem acudir!!”. Da janela, a gente via um quebra-quebra. Era soco, puxão de cabelo, arremesso de celular... Mas minha mãe não foi, não. Em briga de irmãos, ninguém mete a colher.

Uma vez, no mesmo prédio do porteiro apaixonado, a minha gata Tainá resolveu dar uma de passarinho. Ela saiu da tela de proteção e ficou equilibrada num apoio de uns 10cm – eu morava no segundo andar. Quando ouvi os miados levantei da cama, abri a janela e vi o bichano rumo a vida eterna. Num salto, peguei o meu colchão e disparei escada abaixo de pijama, meias e tudo. Coloquei o colchão debaixo da janela e fiquei gritando frases como: “Volta pra dentro, Tainá”, “Ai meu Deus, ela vai se jogar”, “Ahhhh, cuidado!”, “Mãe, oferece queijo pra ela”. Não preciso nem dizer que existia pelo menos uma cabecinha por andar olhando pra baixo e assistindo a louca lá embaixo. Foi ao que me surge uma velha fdp no primeiro andar, bem debaixo do meu. Ela abriu o vidro para ver o que estava acontecendo e seus poodles começaram a pular e latir na janela. Eu, muito simpática, pedi graciosamente para que ela encostasse o vidro, pois os seus adoráveis cachorros estavam assustando ainda mais a minha gata-suicída. Sabe o que essa velha fez? Um gesto com a mão tipo “não estou ouvindo o que você está falando” e saiu. Olha, me subiu o sangue de uma maneira que eu me segurei pra não bater na porta e na cara dela. Como que ela não ouviu do primeiro andar o que eu GRITAVA do térreo? Eu sei que por uns minutos eu transformei a vida dela num inferno. Quando minha gata desistiu de pular e eu subi para o apê, eu e minha mãe fizemos uma serenata para ela: batemos com cabo de vassoura no chão, pisamos forte etc. Foi o nosso troco.

Mas todo este post foi pra contar um “causo” que aconteceu agorinha. No condomínio onde moro, tem uns vizinhos meio folgados. Quando eles se mudaram, batucavam na nossa cabeça até 10 da noite, pois seus pedreiros só podiam trabalhar pra eles à noite. Um belo dia minha mãe deu um “piti-doido” e ligou lá falando várias. Depois disso, mamis-amiga-do-mundo passa reto quando vê o casal.

Hoje, ao levar o lixo na rua, minha mãe deu de cara com quem? Sim, os vizinhos barulhentos. Só que ela estava de pijama e ficou morrendo de vergonha. Pra descontrair, deu boa noite e disse: “ééé, já estou de pijaminha”, ou algo assim, e saiu andando na frente deles. Quando ela entrou em casa se deu conta de que estava usando aquele pijaminha velhinho amarelho, que tem um RASGO GIGANTESCO no popozão. Imagine o que eles não riram dela depois – mas com certeza foi menos que eu, que caí na gargalhada.

Me conta seus “causos”, agora? Seus vizinhos são gente boa?

Sobre o que disse a Luisa

"Mas a minha crise é acreditar na diferença entre solteira e solitária! ver que nao sou chata, feia ou gorda por nao ter um namorado.. nem preciso ser infeliz com esse horizonte vazio! Ligo pras amigas e aproveito para conhecer lugares novos, contar as novidades ou só rir das bobagens de todo dia!" - Luisa, comentando o post abaixo "Socorro, virei uma mulherzinha".

Li o comentário da Luisa para o meu post e fiquei pensando: por que apesar de sabermos que somos MASSA, boas pra caramba, competentes e luxuosérrimas, ainda sentimos essa pontinha de insegurança quando não se tem um namorado?

Dá quase vergonha de admitir que esse pensamento já passou pela cabeça. Pela minha, eu confesso, ele ia e voltava mil vezes ao dia. Hoje tenho um companheiro, é verdade. Mas nem sempre foi assim. Aliás, na maior parte do tempo da minha vida eu fui SOLTEIRA. E solteira daquelas convictas, de avisar "olha benzinho, nem vem que não vai rolar mais de duas semanas com você".

De cara eu já analisava o rapaz, a situação, ficava me imaginando ter que apresentar ele pra família, ter que fazer "programinhas de casal", ficar em casa vendo televisão... só isso quando eu tinha o mundo das possibilidades na minha mão. Difícil de trocar hein?

Acabei desenvolvendo um verdadeiro pânico de compromisso. Claro que isso não é bom e tem raízes em outras coisas também - não só no fato de os homens atualmente estarem tão desinteressantes. Mas preferia mil vezes sair com as amigas, ficar em casa lendo, ir fazer compras ou qualquer programa a pensar em vestir a fantasia de namoradinha alheia.

Paquerar também era uma das minhas distrações preferidas quando eu estava single. Nada de levar a sério esse tipo de coisa. Eu desenvolvi uma técnica nos últimos tempos de solteira: abordar e conversar. O máximo que podia acontecer era uma resposta mal dada. Dai, passo adiante e vamos para o próximo. Claro que você não pode esperar que cada noite possa ser aquela em que vá conhecer o "homem da sua vida" - discordo essa designação porque parece que teremos apenas UM na vida inteira...

Claro que eu também me sentia sozinha. Isso no sentido de não ter uma companhia masculina que me inspirasse a dar o melhor de mim, que fosse sedutora, que se preocupasse, enfim, que gostasse de mim exatamente como eu sou. Esse tipo de sentimento faz a gente se jogar em cada furada! É preciso muito cuidado com ele. Transforma as maiores "roubadas" da vida em verdadeiros "príncipes".

E é nesse momento que precisa se entender uma coisa (ou ao menos tentar, sei que não é fácil): não existe namorado por merecimento. Tipo: sou legal, bacana, bonita, limpinha e isso equivale a eu conhecer um cara suuuuuper xuxu que vá ficar comigo. Definitivamente isso não acontece. Aliás, às vezes se dá ao contrário. Quanto mais você procura, mais homem desinteressante aparece. O que fazer nessas horas?

Acho que as mulheres, ANTES DE TUDO, precisam se auto-conhecer. Você sabe quem realmente você é? O que gosta? O que não tolera? O que pode melhorar? Que tipo de vida lhe agradaria ter? Como se diverte? Quem você vê no espelho depois que tira a máscara social usada no trabalho, diante dos amigos, para andar na rua?

Saber tudo isso ajuda a conhecer, exatamente, o que se quer. E não entrar em furadas para sofrer à toa (mulher adooora uma lágrima, não?). Ajuda a perceber que quando você se AMA de verdade (olha, não estou copiando nada de um livro de auto-ajuda) fica mais fácil compreender os outros e atrair coisas boas. Não importa se você é gorda, feia, barriguda, meio caolha, banguela, magricela ou manca. Definitivamente não é isso que conta. Saiba bem quem você é: acredito que isso já ocupa bastante do tempo e é meio caminho andado na hora de decidir se vale mais a pena ficar solteira ou não.