Exercício da memória

Por menos que você queira, sempre haverá um cheiro, uma música ou um gosto que suscitará uma lembrança. Elas podem ser boas ou ruins, mas sempre estarão lá em forma de déjà vu. Num exercício de pensamento, onde as gavetinhas estão muito próximas, deixo minhas lembranças fluírem.


O cheiro do cachimbo do meu avô; o sabor e a textura do sorvete de flocos numa noite especial de sábado; o gosto de Halls vermelho no ponto de ônibus; o perfume que ficou na minha blusa depois daquele show; o cheiro de cigarro velho - que embrulha o estômago - daquela casa ; o odor nauseante do banheiro do hospital; o voltar à infância do cheiro de roupa guardada; a sensação de frescor e o aroma delicioso do creme de framboesa com mirtilo que remetem à África; o gosto de Trident verde do tempo dos encontros da sala de bate-papo do UOL.

Posso ficar horas contando minhas lembranças em forma de sentidos. Me conte as suas.

Liberdade, igualdade, fraternidade...

Hoje recebi um email de um amigo-colorido meu, muito querido, que é francês. Nos conhecemos de uma maneira bizarra que nem vale contar aqui, já marcamos de nos encontrar duas vezes (eu tenho passagem e pacote COMPRADOS, veja bem, comprados - para ir a Paris), mas ainda não deu certo. Enquanto a gente conversava via internet, descobri que o modo de vida dos outros pode (ainda bem) ser bem diferente do meu, que é workaholic (mantra para mudar isso em 2008).

Enfim. Lu, o meu amigo, decidiu largar tudo que tinha na vida, na França, e viajar para a Índia. O que ele queria: meditar, por um longo tempo. Para nós, que vivemos nesse caos cinza, cheios de laços que nos prendem, cerceiam nossa liberdade, fazem com que criemos uma rotina indesejada, isso parece loucura de quem não tem nada melhor para fazer. Mas e o dinheiro para se manter?, diria um. E como ele vive por lá?, diria outro. Não sei... não tenho a menor idéia.

Confesso que quando ele me contou achei a idéia meio desparatada. Onde já se viu ir para a Índia sem nem ter um lugar certo para ficar? Mas o segredo de quem se aventura é um só: não ter medo. Lu, meu amigo, está entre as três pessoas mais destemidas que conheço (junto com a Claudia, querida amiga viajante e meu primo, que ficou seis anos morando com índios ianomamis na Amazônia). Eles parecem bizarros para você? Pois então vou te dizer: eles são é LIVRES.

Coisa que eu não sou, infelizmente. Sei que isso é uma coisa que vem de dentro, bla, bla, bla, que a gente pode tudo, que é uma questão de querer, etc, etc. Mas como??? Como vou mudar a programação que fizeram em mim todos esses anos? Simplesmente dando as costas e indo embora, deixando tudo para trás?

Eu ainda não sei. O que tenho certeza é de que essas pessoas são LIVRES de verdade. E é isso que vale na vida. Receber o email do meu amigo hoje foi a melhor coisa do dia inteiro. Fiquei muito feliz por ele... e por sua atitude me lembrar de como eu estava sonhando com campos verdes da Irlanda, grandes jardins de Paris, prédios históricos de Roma, praias da Espanha... por me fazer lembrar de que eu tinha tudo construído dentro da minha cabeça antes de me sentir presa em um momento que parece não ter fim.

Uma jujuba para quem me der uma passagem aérea ilimitada pelo mundo...

PS - Pausa para o comentário "caminhoneiro": o amigo está supergatinho!

Minha primeira vez... no circo

“Chegou, chegou, tá na hora a alegria.
Chegou, chegou, tá na hora a alegria.
No circo tem palhaço, tem, tem todo dia.”

Minha família, a parte materna, era de circo. Os Temperani eram superfamosos, rodavam o Brasil e dormiam em cabanas. Meu avô e minha avó, que ainda é viva e tem 90 anos, andavam no globo da morte e na corda bamba.

Em 2007 eu não fiz absolutamente nada. Casa-trabalho-casa. Uma das minhas resoluções de ano novo incluía mexer um pouco mais o corpo. Já que eu odeio academia, pensei: “Vou seguir minhas raízes”. Palhaça? Sabia que você tinha pensado nisso. Mas não. O que me atrai no circo são aqueles tecidos...

Há umas 3 semanas fui fazer uma aula-teste na Academia Brasileira de Circo. Estava muito empolgada – empolgação, essa, que passou logo no alongamento. Deus, como dói alongar as pernas – ainda mais quando você está muito mais para boneco de lata do que para bailarina. Mas fui firme, agüentei os 20 minutos.

- Em qual você quer começar? – me perguntou a mocinha loira um pouco antipática.

- Pode ser no tecido.

E para lá eu fui. Outro instrutor sentou embaixo do tecido, pediu para que eu enroscasse o pé no pano e subisse. Só. Eu virei o próprio ponto de interrogação. Nunca tinha feito aquilo e ele me pede para simplesmente subir. Depois de uma explicação melhor, devo ter subido 1 metro e meio.

- Posso mudar? Não estou mais agüentando. – disse eu, depois de uns 20 minutos tentando escalar aquilo. Eu estava morta, com dor nas mãos, nas pernas, nos braços.

- Não, pelo menos meia hora. – disse o sargentão.

Fui resgatada por outra instrutora, que avisou o mocinho que era apenas uma aula teste.

Fui para a cama-elástica. Aliás, quase me arrastei até lá. Sabe quando você tenta andar depois dehoras em cima de uma bicicleta? Dá aquela moleza na perna... Parece que o peso do seu corpo está 2 vezes maior. Mas fui!

O instrutor era uma simpatia. Ensinou o jeito certo de pular, e eu fiquei lá pulando... pulando... pulando. Cansei daquilo e fui para o trapézio “parado” (ou coisa assim). A instrutora, mais velha e com um sotaque bem carregado, não era lá aquela simpatia.

- Voccccê já foi no tecccido? – disse ela.

- Sim.

- Então sssssobe.

- ?-(

Óbvio que eu não iria conseguir subir sem a ajuda daquele primeiro instrutor, que apoiava o meu pé.

Depois de amarrada pela cintura – para não ter o perigo de cair e me estatelar no chão -, subi no tecido e fiquei pendurada, segurando o trapézio.

- Agora balanççççça duas vezes, força a perna para frente e para cima e coloca no trapézzzzzzio.

- Ãhn?

Balancei duas vezes e ri. Até parece que eu, na minha condição de bonecão de lata, ia conseguir me dobrar ao meio e me pendurar pelas pernas naquele pedaço de madeira.

- Desculpa, moça, mas me desce. Não tenho preparo físico para isso.

A senhora, que não estava com cara de muitos amigos, deve ter dado graças a Deus.

Olhei no relógio. Cerca de 40 minutos ainda faltavam para a aula acabar e eu queria sair correndo dali. Disfarcei, fui mexer no meu celular, e liguei desesperadamente para a minha mãe me salvar.

Como eu não estava sozinha na aula, tive vergonha de ficar sentada (leia vermelha, descabelada, esbaforida, suada). Fui dar uns pulinhos junto com uma menina de uns 10 anos e seu pai. A “brincadeira” era correr e pular numa mini cama-elástica. Meio ginástica olímpica mesmo.

A cada 3 pulos, disfarçava e ia até minha bolsa “tentar” ligar para alguém.

A parte mais gostosa foi bem no finalzinho, quando minha mãe já tinha chegado para me salvar. Adorei aprender a controlar os malabares de bolinhas. É uma delícia. Definitivamente, foi a melhor parte.

- E aí Cris, você vai fazer a matrícula? – perguntou minha mãe.

- Hoje não.

Até hoje não voltei. Não foi por preguiça e nem falta de vontade: não tive tempo mesmo. Bato palmas para os artistas circenses – inclusive para minha avó. Não é fácil, não.

Obs: Lembrando que eu sou totalmente contra circo com animais.

Conversa estranha

- Amanhã vou fazer uma tatuagem nova!, diz Marcela.
- Eba, que legal! Qual desenho você vai fazer? - pergunto eu.

- Uma lagarta! - responde ela.
- Lagarta? Aquele bicho que vira borboleta? - tento entender melhor.

- Não! Lagarta, a mulher do lagarto! - conta Marcela muito satisfeita com sua escolha e com a maneira como nomeia o animal.
- Mas não é lagarta! É lagarto fêmea - tenta explicar Cristiane, entrando na conversa.

- Então você vai desenhar um lagarto, é isso? - eu mais uma vez, cheia de dúvidas.
- Sim, vários lagartinhos que formam um lagarto-fêmea grande.

... Expressão de estranhamento em metade das pessoas da mesa. A outra metade ainda não tem a menor idéia do que se está conversando e por isso decide continuar comendo...

- Então você vai tatuar várias lagartixas! - brinco.
- Isso! - diz Marcela com cara de feliz. Sabe o que é gente: eu adoro lagartixas! - termina a frase, numa resposta inacreditável.

Conclusão: É raro presenciar uma declaração dessas na sua vida - inteira. "Eu adoro lagartixas" é das frases mais bizarras que eu já ouvi. Mas tentando ser solidária a minha amiga - estranha, beeeem estranha - Marcela, pergunto: qual é o seu bicho "disgusting" preferido?

O meu é o tatu bola vai...

PS - Essa conversa foi retratada de acordo com flashes da minha memória de formiga (viva os insetos!). Portanto, qualquer frase semelhante com a realidade terá sido mera, meríssima coincidência.

PS 2 - Esse blog só fala de bicho. Deveríamos ter um banner-patrocínio do Greenpeace no topo.

Make de inverno

Ae mulherada. Querem aprender um make bem verão, de inverno?
Quem ensina é Marcos Costa, e a modelo é a Má (nossa queridíssima-fofíssima-belísima estagiária).

Japonês vegetariano

Sou vegetariana e é um sufoco sair para comer com amigos. Sempre aparece alguém e solta um “Nossa, mas o que você come?”. Como já me cansei de explicar, simplesmente digo: “Tudo, menos carne”. Uma vez algumas amigas me carregaram para um restaurante japonês, e eu quase surtei. Não tinha quase nada para eu comer. Até agora...

O restaurante Kabuki – tem um na Vila Madalena e outro em Pinheiros – serve Shimeji, Missoshiro, Rolinho Primavera, Tempurá, Yakissoba e outros pratos, todos vegetarianos. Eu, que nunca na vida provei peixe cru, fiquei superinteressada na novidade.

Os Sashimis, por exemplo, são feitos de finas fatias de abobrinha, berinjela, shiitake e cenoura grelhadas. Deve ser uma delícia! O rodízio, com direito a sobremesa, sai por R$ 29,50 por pessoa. Uma ótima pedida para unir amigos, vegetarianos ou não.

Meninas, querem me levar?

Chocada!!!


Gente: pára tudo! Heath Ledger encontrado morto em Nova York, nessa terça-feira (22)! Muito triste! Vou deixar um regristro, estou ainda impressionada...

Quem quiser saber todas as notícias do caso, pode ir acompanhando no site da revista People... em meio a tanto boato sobre o que teria acontecido com o rapaz, pelo menos essa é uma fonte mais segura. É uma pena mesmo que isso tenha acontecido. Agora o novo filme do Batman (The Dark Knight) já vai entrar para a história, sem nem sequer ter estreado... O trailer e a foto de Heath como Coringa eu tinha adiantado em outro post aqui no blog. Mas vou linkar de novo o vídeo no YouTube, por razões óbvias.

Beijos - (ainda lamentando)

Trabalho x Diversão

Pode ou não pode? Ah, entre nós, meninas internéticas, pode e deve! Que adianta só trabalhar e não se divertir nem um pouco? Com a gente, a filosofia é: a gente trabalha, mas se diverte. Fashion Week, graças a Deus, passou, e ficam imagens deliciosas.....aiiiiiiiiii.. hahahaha.



S.O.S

Não, não fugimos para as montanhas, não fomos abduzidas, não derretemos com o calor... não estamos de férias, não sumimos do mapa, não mudamos de cidade, não perdemos o celular... não abandonamos a internet, não deixamos tudo para trás, não estamos com o computador quebrado, não estamos desaparecidas... não corremos da polícia, não estamos "de mal", não estamos doentes, não estamos ignorando ninguém, não estamos escondidas...

ESTAMOS APENAS INTERNADAS NA S-P-F-W!!!!!! SOCORRO!!!

Voltamos logo mais, assim que as magricelas forem embora, a passarela for desmontada e a gente sobreviver... Beijos

Coisinhas gostosas

Essa mamãe fez todas essas criaturinhas fofas






Here comes de bride...

Quinta-feira, 10 de janeiro. Depois de ter ficado quase um ano inteiro organizando seu casamento, a jovem Mariana Mendicelli finalmente diz sim, diante de umas 200 pessoas, em uma casa localizada na Bela Vista. O noivo estava com as mãos trêmulas de tanto nervoso. Já Mariana, parecia impassível, como se dissesse: "missão cumprida". Depois do sim para o juiz que celebrou a união do casal, aí sim, havia algumas lágrimas no rosto da noiva.

Me diverti bastante na festa. Eu e a Graziela sempre nos divertimos nessas ocasiões. Esse casamento teve, para mim, um gostinho de nostalgia. Foi-se a terceira das minhas grandes amigas para o altar, definitivamente o mundo é outro. A conversa mudou para casas, decorações, bebês... Meu Deus, nem acredito nisso!

Eu, da minha parte, nunca pensei muito sobre esse assunto. Talvez agora pare para refletir o que isso significaria para mim. Eu, de noiva??? Sei não... Enquanto fico pensando aqui sobre o assunto, vai algumas fotinhos da divertida noite em que Mariana se "enforcou" de vez.


Graziellen e eu em momento paparazzi na festa: reparem como dá nervoso essa mulher com um olho de cada cor fixado em você!


A noiva e o noivo (um pouquinho cortado na foto): best wishes


Momento drink com o namorado... que delícia!


Mariana e Kiki, a "mom-to-be" do ano, comemoram: "Meu cabelo não está lindo!

Sobre ser avó

Devo ser a pior avó do mundo, pois vou entregar meus netos à adoção.
Dois são pretinhos, dois branquinhos e um é parecido com a mãe.

Adoro, adoro, adoro

Queridos, posto aqui pra vocês uma entrevista com o ator Hugh Laurie, nosso querido House, o médico mais ranzinza de todos os tempos. Já é sabido que eu adoooooro esse seriado, bem como as outras duas cabecinhas que escrevem aqui, então segue um trecho com link pra ler mais do bate-papo com ele para o site Series.etc.


Um abraço "houseano"

ENTREVISTA: HUGH LAURIE TEM MEDO DE FALAR DO SUCESSO DE 'HOUSE' E REVELA SEU EPISÓDIO FAVORITO

Será que House é tão popular porque tem aversão à sociedade?
Eu acho, sim, que um pouco é por causa disso. Acho que muita gente no seu cotidiano tem alguns pensamentos que gostaria de expressar mas não o faz por educação ou porque está tentando se encaixar em algum tipo de hierarquia profissional ou algo assim. Eles ficam como que subjugados por essa convenções sociais e acho que assistir a um personagem que é livre, que não obedece às leis sociais, que é livre para dizer o que quer é algo libertador. O que dá a ele essa liberdade é o fato de que House não se importa com o que ninguém pensa, não tem consideração com seus colegas de trabalho ou com seus pacientes, não está nem aí para o que podem pensar dele. É algo que nenhum de nós consegue fazer, não se não quisermos ir para a cadeia ou tomar um processo (risos)... Leia mais clicando aqui!

desculpem

Meninas...
desculpem por demoooooooooooooooorar tanto para postar....
o print da minha tela vem depois.. eu prometo
um beijo a todas.. voltarei em breve

E lá vamos nós...

Depois de alguns dias na praia, logo quando eu começava a me adaptar ao frenético ritmo das caminhadas diárias, mergulhos no mar e sorvetes no final da tarde, estou de volta a São Paulo, essa cidade tão querida (ironia).

Claro que eu queria ficar mais longe do trabalho e da poluição e da falta da qualidade de vida e do cotidiano boring de compromissos. Mas vamos lá, começar 2008 com muita coisa pra fazer, afinal de Fashion Rio, Fashion Week, Carnaval, todos esses eventos lindoooooos! (nova ironia)

No ano passado eu lembro de ter feito resoluções de Ano Novo para 2007. Queria viajar para pelo menos 3 lugares diferentes - esse era um dos itens da lista, não me recordo dos outros. Pensando com carinho e otimismo sobre 2007 - que foi um ano bem duro para mim - acho que o saldo é bastante positivo no final. Viajei sim para três lugares que nunca havia ido: Natal, Miami e Brasília - se vale contar o dia que passei no aeroporto por causa do caos aéreo.

Troquei de carro, não engordei, aprendi a fazer guacamole, me diverti bastante com as amigas, tive momentos memoráveis em família, aprendi a me conhecer e até fiz umas consultas na terapia. O mais importante: encontrei um grande amor que me preenche completamente e tive que aprender a lidar com esse sentimento e comigo.

Então vou repetir a dose mentalmente e pensar no que eu gostaria que se realizasse em 2008. Mas o mais importante de tudo é ser feliz. Desejo a todos que nesse ano a gente seja muito, muito feliz. Happy New Year Everybody!

O fim da maldição da celulite

Há uma semana atrás, eu me olhava no espelho de frente, de costas, do avesso, apertava daqui, de lá e pensava: fudeu! Eu tenho celulite até no braço! Ok... Cinco kilos a menos e o problema amenizaria, mas não dava para perdê-los a jato.

Mas agora está tudo bem... Eu nem ligo mais. Encarar alguns dias de praia foi como uma terapia para mim. Já dei até nome para meus furinhos.

No primeiro dia você pensa, repensa e pensa mais uma vez se deve ir mesmo à praia. Veste o maior biquíni da mala – às vezes até o maiô -, uma bermuda e uma regata.
Na praia, se contorce toda para tirar a bermuda já sentada na cadeira – afinal, não quer que absolutamente ninguém repare que tem celulite. Mas bastam 10 minutos para perceber que existe bunda beeeeeeem pior que a sua. Barriga flácida, meu bem, é igual latinha de cerveja vazia jogada na areia.

No segundo dia, já está mais corajosa. Arrisca até alguns passinhos até a barraca de milho sem a canga. E dá-lhe mais celulite. Mulher, criança, adolescente e até homem.

No terceiro dia, meu bem, você já samba até de fio-dental, joga vôlei de praia e frescobol. É claro que baterá uma tristeza momentânea quando um corpo-sarado-malhado-bronzeado passar, mas não se deixe abater. Para cada corpo escultural, existem 100 “mao-menos” e 1000 bem ruinzinhos.

Se até a Jennifer Lopez tem...

16h59 – Praia do Tombo, Guarujá

A piscina está lotada. Menos do que 10 minutos atrás e provavelmente muito menos daqui 15. Hoje é véspera do ano novo. Dia de rever os erros e acertos de 2007 e planejar o próximo ano. Eu não estou a fim de nada disso. Preguiça à beira d´água.

Há cerca de 20 pessoas aqui. Umas brincam, outras beijam, algumas conversam e as demais apenas descansam e aproveitam os últimos raios de sol. A piscina já não está limpa. Latinhas de cervejas e chinelos estão espalhados por toda parte. Há cinco guarda-sóis, nenhum sendo usado.

Daqui vejo meu irmão num cantinho “escuro” e raso da piscina. No momento que passei o portão enferrujado de ferro, ele se escondeu de mim. Pudera. Tem 16 anos e está se amassando com uma fulaninha de uns 14. Até que a menina é jeitosa. Brinco de madeira, biquíni branco, cabelos claros e aparelho nos dentes.

O Valter está aqui, na minha frente, sentado numa cadeira de praia, cotovelo apoiado, uma mão na cabeça e na outra seu celular-palm-computador-GPS. Como o mundo está muderno.

Percebi, agora, que mais algumas pessoas foram embora. Duas meninas estão juntando suas coisas para irem também. Uma delas usa uma canga de fitas do Senhor do Bonfim. Uma graça! Pena estar com uma blusa branca com um desenho de beijo na estampa. Horror extremo.

Meu irmão saiu do canto escuro da piscina. Está batendo um papo com sua “amiga”. Na frente deles, três homens conversam animadamente. O mais velho deve beirar os 50, o do meio uns 20 e o mais novo uns 12. Que papo deve agradar aos três?

Tem outro cara. Magrinho, pernas curtas e cabeça raspada. No braço, uma tatuagem do esqueleto de um crustáceo. Pinta de esportista, nadador, ciclista... Seus amigos acabaram de chegar fazendo algazarra. Como trogloditas, lavaram as cadeiras de praia cheias de areia na piscina e as arremessaram do meu lado - ou seria na minha cabeça? Existem pessoas que nem em véspera de ano-novo são tragáveis.

Cansei... Vou dar um pulo na piscina. Será que alguém está me observando?

(Post escrito no dia 31)