My Blueberry Nights

Ter o coração partido está entre as experiências mais difíceis que se passa na vida. Dói, incomoda, derruba seu mundo. E não adianta espernear porque trata-se de algo que, invariavelmente, se viverá um dia. Talvez por isso, o filme “Um Beijo Roubado” é tão querido por aqueles que o assistiram.

Seu título original é “My Blueberry Nights”, muito mais onírico do que o raso nome que deram em português. Na história, uma garota de nome Elizabeth, interpretada pela cantora Norah Jones, leva um fora e tenta curar seu coração partido. Para isso, ela embarca em uma viagem, que é literal e também subjetiva, já que ela precisa se redescobrir.

Tudo começa com as chaves do ex-namorado, que ela quer devolver, mas não tem coragem de deixar na casa dele. Ele, por sua vez, já está com outra, situação que é capaz de deixar qualquer um doido de raiva. No café que ele freqüentava, a garota aos trancos e barrancos começa uma amizade com o dono do lugar, Jeremy, interpretado por Jude Law. É lá que aparecem as primeiras metáforas do filme para falar de amor e de relacionamento. As tortas de Jeremy estão entre elas, principalmente a de sabor Blueberry.

Com uma trilha sonora deliciosa e envolvente – inclui diversas canções na voz de Norah Jones -, a história vai se desenvolvendo. Fugindo de sua dor, a garota descobre que não é a única que sofre e que as noites “blue” (que em inglês pode ter o sentido de “dolorido”) existem e são intensas. Mas passam.

Entram em cena, então, as personagens de Rachel Weisz e de Natalie Portman, coadjuvantes de extremo luxo da trama. Bem como o ator David Strathairn. A mulher vivida por Rachel foge de um casamento que a faz sofrer mais do que ser feliz. Suas seqüências, para mim, são as de maior força emocional do filme. Já Natalie encarna uma jovem em conflito com o pai. As relações nunca são fáceis, vai mostrando o roteiro. E, no fim, todos nós fugimos um pouco quando temos que encará-las.

Li algumas críticas negativas sobre a atuação de Norah Jones, talentosíssima cantora de jazz, como atriz de cinema. Discordo. Se no começo sua presença destoa do ritmo do filme, quem prestar atenção perceberá que essa “inadequação” continua durante toda a história. É como se ela fosse uma errante, alguém que está olhando de fora mesmo quando sente sua própria dor. Deslocada, ela está assistindo a tudo, tal como o espectador sentado na poltrona.

E o tal “beijo roubado”? Não vou contar nada. É, de longe, um dos mais criativos beijos do cinema. Terno, doce, delicado. Obra do diretor Wong Kar-wai, que fez um filme absolutamente irresistível.

Essa é a minha dica para o feriado. Estou de “molho” em casa, com uma gripe daquelas. Quem puder, vá correndo ver este filme. Prometo que vai sair do cinema com um sorrisão daqueles.

1 comentários:

Anônimo disse...

Agora eu preciso ver esse filme...
Amei o post.
Tá melhor,Borgeta?
bjos
Cris