Abortar ou não?

A resposta é NÃO! Mas não é agora que eu vou dar um bisneto para a minha avó. Explico:
Ontem, saindo do trabalho, me deparei com um médio-gato. Já é de praxe que eu jogue minha bolsa na pessoa que está ao meu lado e corra para agarrar o animalzinho - bem Felícia mesmo. Pois isso que aconteceu! Joguei minha bolsa, meu notebook e meu guarda-chuva na cabeça do meu namorado e corri na direção do gato, que, meio assustado, correu de mim. Acontece que eu já sou macaca velha e pegar fugitivo é comigo mesma.
Que imundice felina estava aquele gatinho, que, na verdade, é uma gatinha magra-gorda. Mas eu nem liguei e passei alguns minutos acariciando-a. Está óbvio demais? Peguei o telefone do Valter.
- Ai mãe...
- O que foi?
- Eu achei uma gatinha GRÁÁÁVIDA aqui na editora. Ela é mini igual a Gui. Ai mãe...
- Não, não é para trazer, hein!
- Mas mãe, ela vai dar a luz na rua. Os filhotes vão m-o-r-r-e-r... Você não tem pena?
- Agora a gata vai "dar a luz"? - riu. Pensei que ela apenas parisse.
- Vai, mãe... Aposto que você a levaria para casa. Eu a tranco lá embaixo.
- Ta bom, mas não tem caixa de areia sobrando pra ela...
- Eu compro.
Enquanto conversava com a minha mãe, passou uma moça da editora, olhou para minha cara e começou a rir. Eu não sei falar baixo... Imagina a cena: Eu, sentada no chão do estacionamento, no escuro e gritando "a gata vai dar a luz na rua". Pois é!
Eu trouxe a bichinha pra casa. Aproveitei que meu condomínio tem várias casas vazias e a coloquei em um quartinho de empregada.
Pensei, pensei... E se eu não a tivesse pegado. Será que ela ficaria bem? Essa gatinha me traria problemas? Estaria, ela, doente? E se contaminasse minhas gatas. Dormi.
6 a.m.
- Cris, cadê a gatinha? - minha mãe pergunta.
Num pulo, eu já estava de pé, descendo as escadas e rumando ao quartinho. O dia estava amanhecendo e eu já estava animadíssima. Raridade.
Levei minha mãe até a porta do quarto e tirei a plaquinha que havia colocado na porta que dizia " Aqui dentro tem um gato. Qualquer coisa, me chame na casa 6. Cris". Entramos de mansinho. A gata estava pendurada na janela, miando feito uma louca e tinha sujado absolutamente todas as paredes. Não faz mal.
Se ela já tem nome? Sim. É Kisha. Eu ia chamá-la de Menina, mas deixei para a minha mãe a honra. Kisha é o nome de um lince de um documentário, abandonado pela mãe.
Mais tarde, no veterinário.
- É, ela realmente está prenha. - disse Ricardo, o veterinário.
- Eu logo imaginei que ela estava GRÁVIDA - disse eu, humanizando o bichano. A barriga está imensa. Quanto tempo ela tem?
- No máximo um ano. Você vai deixá-la aqui para castrar?
- Castrar como, se ela está GRÁVIDA?
Ficou um silêncio ensurdecedor naquela minúscula sala...
- Você tiraria os bebês? - disse eu.
- É. Muita gente faz isso quando acha uma gata prenha na rua... Às vezes é melhor do que deixar que os gatinhos nasçam e se multipliquem. Se, em uma ninhada de 5 gatos, nenhum for castrado, em 7 anos serão 40 mil (ou um número assim).
Saí correndo de lá com a Kisha. Eu não seria capaz, nunca, de fazer algo assim com ela. E você, faria isso para controlar a superpopulação felina ou ter menos trabalho?


5 comentários:

Lucy Lane disse...

Ai que história linda!!! Se eu tivesse morando na minha própria casa, eu certamente pegaria um dos filhotinhos de Kisha. Mas por enquanto, fico apenas com o meu cão vovô, o Sdruvis. Cris, vc é a heroína dos gatinhos mesmo! Que dia feliz para eles. Essa já é o que, a milésima vez que vc faz isso? Beijoooo

Anônimo disse...

Muito legal a atitude. Por não haver muitas pessoas que pensam como você eu acredito que castrar os gatinhos seja melhor do que deixar vários ao relento!
Minha prima tem mais de 30 gatos e já nem sei o número de cachorros (é maior que o de gatos), da mesma maneira não pode ver um sozinho pela rua que já adota, mas depois castra eles, imagine se os animaizinhos dela ficassem "grávidos" hehehehe...

Unknown disse...

que legal! adorei!
sou a favor da castração para evitar o abandono. quando me envolvi mais com proteção animal era a favor do aborto sim. mas passou o tempo, convivi cada vez mais com os gatos. passei a ser contra. sou a favor do aborto consentido. os humanos o fazem, cada um decide o que é melhor para sua vida. já com os gatos, só se a gata me pedir para abortar, hehe, ou seja nunca!

Cris disse...

Nossa Ju, ia ser uma loucura se eles não fossem astrados. Eu tenho 5 gatas, todas castradas. Já peguei vários animais de rua e arrumei lar para eles... Loucuras pelos animais..
bjos
Cris

Cris disse...

Eu concordo com você, Leila. Só se a Kisha pedir...
Ela já está com um barrigão... heheh
bj
Cris