Como já disse uma outra vez, tenho artistas na família. De circo, mas artistas. Já tentei me aventurar pelos trampolins da vida, mas não deu muito certo - digamos que a minha lombar não gostou do que sentiu. Restou minha seguda tentativa, mas não menos importante, de adentrar no mundo das artes: o teatro.
7h15 da tarde e eu, mesmo atolada de trabalho para fazer, resolvi dar uma pequena navegada na internet. Não me lembrava de jeito nenhum da porcaria do nome da escola de teatro que eu havia ligado há cerca de um mês atrás. "Curso de teatro", "teatro pompéia", "teatro livre"... E da-lhe busca no google.
Às 19h20 descobri que as aulas livres começariam dali 10 minutos. Não perdi tempo e "dei no pé" da editora. Às 20h eu estava em frente a uma casa superantiga vermelha, que não parecia - nem de longe - um teatro. Aquele lugar me lembrava as aulas de inglês na África do Sul. Parecia que eu havia me teletransportado até Cape Town. Atrasada, corri para minha aula teste.
A turma, com cerca de 12 alunos, estava sentada em cadeiras de plástico, num semicírculo. Desculpei-me e sentei na única cadeira vazia. A apresentação, parte mais legal de todo começo de qualquer primeira aula, já havia passado. Fiquei meio frustrada.
- Quem vai começar? - disse o simpático professor, que de tão novo parecia um aluno.
Depois daqueles segundos básicos em que um olha para a cara do outro com um meio sorriso - que quer dizer "eu é que não sou o primeiro troxa" - , o cara da ponta, com uma camiseta preta dos Beatles, se candidatou. À frente de todos, encenou - meio lesado, afinal aquela era a primeira aula - uma pequena cena. Depois de comentários contrutivos e interessantes, foi a vez de uma moça. E assim as pessoas começaram a se desinibir.
Nesse meio tempo, havia "pescado" qual era a do exercício. Era só ir lá na frente e encenar alguma coisa, pensei. Como todo mundo atendia um maldito celular na cena, quis ser diferente. Minha idéia parecia genial: eu entraria em uma porta imaginária com um amigo imaginário, sentaria na cadeira de plástico e, enquanto "comia" pipoca, assistia à "parede" até cochilar. Aí, meu amigo imaginário me cutucaria e eu acordava, assustada. Era eu, no cinema, assistindo a um filme chato!!!
- Ué, mas você não recebeu nenhuma notícia? - disse o jovem professor.
- Precisava?
Por isso que todo mundo atendia um telefone imaginário. Na cena, todos deveriam receber uma notícia, por isso usavam o maldito celular.
- Eu não sabia, cheguei atrasada na aula.
Tinha pagado meu primeiro mico como atriz amadora de teatro...
Na segunda aula uma professora engraçadíssima nos explicou coisas bacanas sobre a relação fala e respiração. Nos ensinou a engrossar e afinar o tom da voz percebendo e nos deu um exercício de respiração. Me senti a própria Xuxa no filme "Lua de Cristal". Você se lembra da cena em que ela vai fazer uma aula de música e todas as paquitas cantam lindamente "bentiiiiiiviiiiiiii". No meu caso, era inflar inspirando o ar e soltar falando um simpático "fuchsu". Foi bem engraçado.
Se eu vou continuar a aula? Sim, claro. Adorei a experiência, mas friso: daqui a quatro meses, no dia da minha primeira apresentação, não quero ver ninguém lá! Será um mico só meu!
4 comentários:
Cri,
Não se preocupe que na sua primeira apresentação vou convidar todos os seus amigos, ex, parentes (europeus e brasileiros), bichinhos de estimação, colegas de trabalho, da facu, etc etc etc...
Vai ser um fato histórico, por isso vou contratar até uma equipe de reportagem (daquelas de casamento, sabe?).
bjs
Mami
Então é melhor eu nem me matricular!
kkkkkkkkkkkkkkkk
Bom, depende da interpretação das pessoas: quando seu amigo te cutucou, ele tava te dando a notícia de que o filme acabou... não? Hehehe!
Queremos ver sua apresentação, sim!!!! Heheh!
Bjos!
Eu vou estar disfarçada na primeira fila!!! Assim você não fica com vergonha... Hahaha
Bjoos,
Má
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