Looooooooser

Resolvi postar sobre o fracasso hoje. Não tem razão em particular para isso. Apenas porque assisti à Pequena Miss Sunshine há uma semana. Uuuuuu! Dirão os apressadinhos. Uma vaia para mim que depois de meses está falando desse filme com um atraso quase secular. Muita calma minha gente. É apenas um gancho, como se diz no mundinho jornalístico.

A história de Miss Sunshine trata, basicamente, de uma viagem em família para que a caçula, Olive (a fofa da foto ao lado), possa participar de um concurso de miss que acontece em outra cidade. Ela já está treinando para isso com o avó. Tudo seria plasticamente bonitinho se não fosse o caos em que a pobre menina vive. Seu professor vovô é viciado em cocaína e foi expulso do asilo; a mãe é uma neurótica que mal consegue dar conta de criar os filhos; o pai inventou um tal de 9 passos para o sucesso e fica repetindo essa fórmula de auto-ajuda como se fosse um mantra para tirar a família da falência; o irmão fez um voto de silência porque odeia a família e quer ser piloto de caça-aéreo; e, por fim, o tio volta pra casa depois de tentar o suicídio. Ou seja: todos passam longe da virtuosa imagem do self-made-man (ou woman).

Barra não? O que esperar de um enredo assim?

Eu digo. Pequena Miss Sunshine é uma ode ao fracasso. Porque, é claro, numa estrutura cheia de equívocos como essa, não há outro resultado que não esse. A própria menina se ilude com o sonho de ser miss, mas não percebe que é gordinha e sem graça demais - para o concurso, veja bem, porque ela é uma fofa.

Claro que nem vou chegar perto do final do filme. Isso porque vale a pena ver. Não que você vá sair reflexivo da frente da TV porque a produção, em si, é muito simples. O que vale são os diálogos e a certeza de que, se tudo pode dar errado, vai dar sim. E, no fundo, no fundo, o que se questiona é essa maciça exigência de um "ente superior" que pede para sermos felizes e bem-sucedidos todos os dias. É uma obrigação colocada nas nossas costas. Se você não ganha X, é looser. Se trabalha demais: looser; mas se trabalha de menos, loooser. Se não é rico, bonito e compra calça na Diesel... looooser. Se seu namorado não te busca com um porsche V6 na frente do trabalho, minha filha, você é loooser. Se come uma empada a mais e pensa nas calorias: loooser. Se compara seu shape ao corpicho-esqueleto de Kate Moss, você é loooser porque sempre será mais gorda (graças a Deus) do que ela... E assim caminhamos.

Não há nada de errado em ser looser sabe. Fracasse. Mas fracesse mesmo, com gosto. Dê aquela errada bonita, passe longe do seu objetivo, se jogue na lama, dance no meio da rua da amargura. Como diz uma grande amiga: "se liberta!". Sabe por quê? A vida é isso ai que você está vendo, não tem segredo, não tem esconderijo para voltar e tentar de novo em outra ocasião. Dê a cara a tapa e, por favor, não se sinta culpado se fracassar. Mesmo que você esteja num concurso de miss infantil no qual suas concorrentes pareçam adultas em miniatura e não crianças, vá lá e se apresente. Mostre do que é capaz. Saiba que corre o risco de levar vaia, ovo na cara, tomate na testa e parecer incrivelmente ridícula...

Só que fracassar faz parte da vida e não podemos nos sentir culpados por isso. Aliás, lanço aqui a campanha: abaixo à culpa! E viva os loooosers, baby!

1 comentários:

Cristiane disse...

Ó, gostei!!!!
E sabe pq chamam a gente de esforçadas? Pq somos looooooser!!!

obs: mais loooooser ainda pq criamos um blog, praticamente não divulgamos e ainda comentamos nossos próprios posts!!!

obs2: a gente não é loooooser por um motivo: trabalhamos juntas e nos damos muuito bem (coisa incrível!)