Incursões antropológicas

Salto, salto, salto, salto, salto. All Star, dois pares. Sapatilhas, dois pares. Quatro rapazes, 38 mulheres. Resultado: muito barulho, muito gloss, um cheiro de Victoria's Secret de morango com champagne impregnante.

Esta é minha primeira impressão do novo curso que estou fazendo. Tem a ver com jornalismo para TV. Cheguei, de cara, a duas conclusões: os jornalistas mais metidos a descolados se acham os "caras de TV". E quando você conversa com eles, descobre que são do tipo jornalista feliz (algo que eu nem imaginava que existia). São aqueles que falam alto e com a dicção perfeita, que usam roupas da Cavaleira, que são suuuupersociáveis, te perguntam sobre sua vida toda em cinco minutos, como se estivessem entrevistando você para a próxima pauta. Os candidatos a aparecer na TV - porque no final, minha gente, é isso que o povo quer - são laranjas, vermelhos, roxos. São palpitantes!

Explico.

Os jornalistas de impresso, se você não sabe, são cinzas. Sabe aquele tipo carrancudo, que almoça sozinho lendo um livro (de preferência inglês), ouvindo Ipod e que, jamais - em tempo algum -, irá falar um singelo "bom dia" para qualquer criatura que passe por perto dele? Então... é nesse meio que eu convivo. E te digo, eu me acostumei a ser meio cinza. A ser reclamona, a olhar com ar blazé para as pessoas energéticas (aqueles que não se contém dentro de si e transbordam nos outros). Isso é um fato comprovado pela acidez desse texto, por exemplo, e de muitos outros que ainda virão. É nítido, porém, que me senti meio peixe fora d'água porque não tinha o que fazer com esse meu mau humor humor jornalístico de quem não aparece na TV.

Não estou aqui julgando meus supernovos colegas de curso. Estou tentando apenas retratar o fruto da minha observação... porque de vez em quando eu desligo do que está acontecendo e daí é só devaneio mesmo. Mas depois de hoje me ocorreu essa questão: será que os jornalistas de TV são mesmo menos carrancudos que aqueles os quais pegam o elevador comigo todos os dias? Menos carrancudos do que eu, certamente são.

Mas quem disse que eu quero me livrar do meu "humor limão*"?

*Humor limão é uma licença poética de Thaiz Kuzman, ex colega de labuta que tem uma criatividade cativante, um sarcasmos envolvente e que nos fazia rir demais nos longos fechamentos de sexta. Vida longa à ruivinha!

1 comentários:

Cristiane disse...

Ah, falou a jornalista com humor limão. Até parece que vc é assim... Do meu lado, ng consegue!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk